sexta-feira, 27 de setembro de 2013
Eu
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida! ...
Sou aquela que passa e ninguém vê ...
Sou a que chamam triste sem o ser ...
Sou a que chora sem saber porquê ...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
Florbela Espanca
terça-feira, 25 de junho de 2013
Ler ao espelho
Das experiências mais incríveis de leitura que alguma vez tive: ler ao espelho. O comum é poder transportar um livro e poder lê-lo em qualquer parte. Quando estamos extremamente absorvidos pelo enredo, há partes que nos ultrapassam. Neste caso, a Alice, personagem irreverente de "Deixem falar as pedras" resolve escrever uma carta ao Valdemar ao contrário, do avesso, como já era hábito. O resultado foi este: cheguei a casa e pus-me a lê-lo ao espelho. Saber contar histórias com todo o detalhe é um dom. Parabéns, David Machado.
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