sábado, 8 de março de 2008

Uma poetisa chamada Sophia

Sophia de Mello Breyner Andresen foi a primeira mulher portuguesa a receber o prémio literário mais importante da língua portuguesa: Prémio Camões, decorria o ano de 1999.


Além de se dedicar à poesia, aos contos (como o bem conhecido "Cavaleiro da Dinamarca"), lutou contra o regime salazarista, e mais tarde ocupou um cargo político.

Toda a sua obra poética é dotada de uma magia, uma sensibilidade, uma delicadeza, um encontro de palavras pautadas de uma musicalidade constante.

Ficam aqui alguns exemplos...



Porque

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.





Liberdade

Aqui nesta praia onde

Não há nenhum vestígio de impureza,

Aqui onde há somente

Ondas tombando ininterruptamente,

Puro espaço e lúcida unidade,

Aqui o tempo apaixonadamente

Encontra a própria liberdade.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Peripécia Teatro


Andávamos a passear por terras de Sendim, perto de Miranda do Douro, participando no Festival Intercéltico realizado todos os anos no mês de Agosto, quando nos deparámos com a actuação de um pequeno grupo de três actores, representando a peça de teatro Iberia.

Excelente peça! Retrata alguns acontecimentos históricos comum aos dois países (Portugal e Espanha), bem como episódios bem conhe
cidos e grandes heróis da cultura. É um retrato feito com muito profissionalismo, muito humor e uma espotaneidade rara.
Não é por acaso que já é a terceira vez que assisto a este fabuloso acontecimento.
Participaram na festa da pequena aldeia do Freixo, trazendo esta mesma peça, em 2006, o que para nós, organização, se tornou num grande orgulho.

Hoje, dia 7 de Março, sexta-feira, regressam à Beira Alta, mais propriamente ao Teatro Municipal da Guarda, pelas 21h30 com uma outra peça: Novecentos - O Pianista do Oceano.


A não perder!

Página Oficial:
http://peripeciateatro.paloalto.pt

domingo, 2 de março de 2008

José Simões Dias


Simões Dias nasceu a cinco de Fevereiro de 1844 na Benfeita. Professor, político, jornalista, poeta... enfim, um grande homem do seu tempo.
Aqui fica um pequeno registo da subtileza e da suavidade das suas palavras.



Berço de rosas

Eu tinha um berço de rosas
Que minha mãe embalava;
Rouxinois ao desafio
Cantavam quando eu chorava!

Era a tua voz e a dela,
Vê que música seria!...
Eu então cerrava os olhos
E a sorrir adormecia!

Adormecia e quem sabe
Se o teu doce olhar, criança,
Não pousava no meu berço
Como um luar de esperança!

O que eu sei é que inda agora,
Quando escuto uma cantiga
Das que eu ouvia, estremeço,
Não sei porquê, doce amiga!

Lembram-me os dias felizes,
Os dias da mocidade
As infantis alegrias
Daquela ditosa idade!

(...)

In Peninsulares