domingo, 17 de fevereiro de 2008

O meu olhar é nítido como um girassol

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar isso muito bem...
Sei ter pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque que ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Alberto Caeiro



Sirvo-me do verso de um dos meus poemas preferidos para atribuir nome ao meu blogue. Depois de uma luta desenfreada sem saber muito bem que nome atribuir, ousei inserir este poema de Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa) para inaugurar este meu espaço.

Com isto, pretendo que cada olhar procure valorizar o mundo que o rodeia e procurar as energias positivas que a Natureza nos transmite, tal como o girassol que procura o Sol.
Em tudo na vida há algo positivo, mesmo na mais escura das paisagens, como o pôr-do-sol, a noite... Há que descobrir com os sentidos: olhar, ver, cheirar, tocar e ouvir... vivendo o presente, e "de vez em quando olhando para trás".

Com este espaço, pretendo divulgar tudo o que de bom se faz ou fez por cá, por Portugal! Muitas vezes não valorizamos o que realmente temos. É muito bom criticar e "trazer para cá", tudo o que não nos pertence... Saibamos valorizar e levar para além das fronteiras um pouco de nós, da nossa cultura. É verdade que quando estamos distantes aprendemos a valorizar o que temos... em parte foi o que me aconteceu... mas as mudanças trazem sempre coisas positivas!
É um pouco de mim que ficará aqui registado, as aprendizagens que fiz ao longo da vida bem como as que continuo a fazer...

Este espaço também pode ser vosso: espero as vossas sugestões, as vossas críticas, os vossos comentários.

Até breve!